Ao levar o Código Da Vinci para a mesa espere por uma refeição, no mínimo, apimentada, preparada por Dan Brown de forma tão ardilosa que podemos facilmente renunciar ao cardápio da fantasia para fincarmos nosso garfo em prato histórico.
Instigante e polêmico, O Código Da Vinci faz arder nossa imaginação ao tratar o suposto relacionamento entre Jesus Cristo e Maria Madalena, o qual teria originado uma linhagem de descendentes que prossegue até os dias atuais.
“Evidências” deste relacionamento, que envolve documentos e sociedades secretas, relíquias sagradas e nomes como Issac Newton e Walt Disney, poderiam ser encontradas nas obras de Leonardo Da Vinci, conhecedor de segredos seculares e da conspiração do cristianismo.
Os principais personagens da obra de Brown são Robert Langdon, professor de simbologia de Harvard (cuja cátedra não existe), e Sophie Neveu, uma criptóloga que está intimamente ligada aos mistérios do Santo Graal. Juntos, Langdon e Sophie (adoro este nome) irão desvendar os dogmas da doutrina de Cristo, arrastando-nos com eles pela Europa.
“Uma vez que você abra seus olhos para o Santo Graal (...), vai vê-lo em toda parte. Pinturas. Música. Livros. Até nos desenhos animados, parques temáticos e filmes populares. Langdon ergueu seu relógio de Mickey Mouse e contou-lhe que Walt Disney havia dedicado sua vida inteira a transmitir a mensagem do Graal às futuras gerações. Durante toda a vida, Disney foi aclamado como ‘o Leonardo da Vinci moderno’. Ambos os homens estavam gerações adiante de seu tempo, eram artistas de um talento fora do normal, membros de sociedades secretas e, acima de tudo, adoravam pregar uma peça. Como Leonardo, Walt Disney adorava infundir mensagens ocultas e simbolismo em sua arte. (...) Não foi à toa que Disney recontou histórias como Cinderela, A Bela Adormecida e Branca de Neve – todas tratando do encarceramento do sagrado feminino. Nem foi necessário um pano de fundo de simbolismo para entender que Branca de Neve – uma princesa que foi rebaixada após comer uma maçã envenenada – era uma alusão clara à queda de Eva no Jardim do Éden.” – Página 239
“Quando não existe resposta correta para uma pergunta, só há uma resposta honesta. A área cinzenta entre o sim e o não. O silêncio.” – Página 368
Com muito suspense e uma convicção que indignou milhões de cristãos em todo o planeta, O Código Da Vinci traz à mesa uma história realmente intrigante, que vale a pena por se tratar de um bom romance de aventura, e não por questionar a veracidade de Cristo e sua divindade.
Saborosa e quente, assim como Frango ao Curry, a edição especial ilustrada é uma excelente opção para os que valorizam, também, o sentido da visão.
Ao som de canto gregoriano fica ainda mais convincente.